quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Garçom amigo

Amigos que acompanham a estreia deste nuevo papel para rascunho virtual que será este blog, vejam só ustedes que quebro a garrafa de Sidra Cereser neste barco com uma justa homenagem lembrada aos quarenta e cinco do segundo tempo de bola rolando: o dia do garçom. Si, si, hoje falarei exatamente da figura que me traria esta garrafa de espumante barato.

Hoje é o dia do garçom e eu nem dei meus parabéns ao grande Mazin, o garçom-xerife mais bem quisto deste faroeste rio-branquense. O nome do Mazin eu nem recordo mais. Só sei que era para ser Mazinho, porém a acreanização deste apelido era inevitável.

Para quem não o conhece, recomendo que vá ao Bar do Papagaio – logo ali na Habitasa – e veja um sujeito com cigarro apagado na boca e cara de bravo. Observador, o cabra não é do tipo que fala. Está mais para aquele que provoca alguns sustos quando ri. Não é muito disso. Mas é escudeiro-fiel. Acata as ordens do patrão, o mítico Papagaio, sem questionar, porém sem a frescura puxa-saquiana típica dos trabalhos normais. Um manda, o outro obedece e pronto. Sem frescura, repito. É o Sancho Pança do Papagaio!

Como não podia deixar de ser, o cabra é tricolor das laranjeiras. Todo bom personagem é tricolor das laranjeiras (à exceção do borracheiro João Só que atendia ali no antigo Posto Parati, vascaíno enfermo). Mas pensa que ele sofre? Puerras nenhuma. Fica puto, sim. Mas nada que o desvie do foco de servir a breja rigorosamente em dia e gelada, e mantenha a ordem no recinto. O sujeito de um e sessenta de altura impõe respeito.

Ele já me recebe informando a hora precisa em que o meu querido San Pablo me provocará momentos de taquicardias e xingamentos. Nunca, nesses quase três anos de comparecimento religioso em quartas e domingos (por vezes, quintas e sábados), houve um entrevero entre Mazin e minha confraria. Dá pra notar que o Mazin aprova nossa postura respeitosa.

Pouco se importa com as teias de aranha que decoram o teto. Quer higienizinha, seu afrescalhado, procura outro bar. Mas também não relaxa quando o assunto é manter a mesa seca. Molhar a camisa com água de copo é inaceitável e ele sabe bem disso. Mazin é meio “Sr. Miyagi” e tem uma técnica exclusiva: com apenas um golpe desferido, ele consegue descascar todos os grãos de um amendoim daqueles do quinari. Duvida? Confira comigo no replay.

Aliás, o amendoim é o termômetro da satisfação dele com o freguês. Se o sujeito começa a aderir a prática de beber refrigerante, Mazin já fica meio ressabiado. Serve o refrigerante apenas em copo de plástico. É a humilhação que se completa com o não uso do golpe do amendoim. Ele joga pra você com um ar de “se vira, seu molenga”. Amendoim com casca é sua punição mais severa.

Dia desses, a distração o fez trocar a nossa emblemática Brahma por Skol. Via-se ao notar a falha, um sujeito encabulado. Como houvera de errar?! Perdera o tino pra coisa?! Nada, ele sabia que era mestre na arte de ser garçom. Levantou a cabeça e deu a volta por cima, calando os corneteiros.

Tem gente que o acha rabugento. Não faço parte dessa equipe. Sei que ele é gente boa. Não amigo de sair para pegar umas gatas, mas garante o conforto no boteco. Traga a saideira, Maizin!

Um comentário:

  1. Como sempre uma leitura agradável e divertida. Gostei do novo espaço, Helder. E é um escritor de quinta só na semana mesmo viu, rsrs. Abraço

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