quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Os super-heróis dos gramados

É um pássaro? É um avião? Não! É um craque de futebol, amigos. Aqui pelas bandas da terra brasilis, o molecote já pensa redondo quando não sabe nem andar. Cientistas daqueles que não têm muita ocupação poderiam pesquisar e comprovar minha teoria de que no berço, o pequeno brazuca se pega arquitetando um drible que, se bem sucedido, pode será o infortúnio para um beque central da cintura dura. Assim é o brasileiro.

Lembro da primeira vez que vi a magia de Garrincha. Parecia tão fácil quando se olhava e era tão difícil quando se tentava. O cabra de tortas pernas não era apenas um gênio. Era o “super-liso”, aquele sujeito onde o raciocínio e o passo estava sempre a pelo menos dois anos-luz do pobre diabo apelidado de “João” e tinha como uniforme as camisas listradas do grande Botafogo ou a amarelinha canarinho.

Amigos, nada povoa o imaginário coletivo tupiniquim como o sonho de se ter os super-poderes do chute fulminante, o drible desconcertante, o passe milimétrico, a roubada de bola fria e calculista, entre outros super-poderes. Pelé, Zico, Romário, Adriano, Ronaldinho Gaúcho, Ronaldo Fenômeno e o Testinha (habilidoso ponta-de-lança do glorioso Rio Branco F.C.) são os super-heróis da vida real e não tem quadrinhos que representem seus feitos. Até mesmo os pequenos de outrora que hoje são marmanjos reconhecem e se duvidar soltam até uma tímida lágrima de pura nostalgia.


Claro que nesse meio, também contamos com os anti-heróis. Seria o Maradona uma versão futebolística do nosso admirável Homem de Ferro? Um cabra que por fora é o ídolo e referência de um povo como los hermanos porteños e por dentro é humano como, por culpa de seus feitos, nos faz esquecer que é. Apesar da rixa com nossos vizinhos, há de se convir que é algo sobrenatural o envolvimento entre aquele baixinho marrento e a pelota.

Na primeira queda do sofá da sala, aprendemos que voar é coisa pra bichos alados, mas Deus se compadeceu e nos ofertou o prazer celetial da primeira caneta que se dá no adversário. Podemos até não levantar um trator no muque, mas um gol de voleio nos eleva ao status de astro.

Para a alegria dos apreciadores do football, até mesmo na sua prática de maneira lúdica, cada campinho de areia tem o seu craque, o seu super-jogador mesmo que sem capa, cujo as jogadas encantam e nos apresentam ou alimentam essa paixão que vai nos acompanhar até o fim. E não tem raios de criptonita que acabem com isso.

Por aqui, não é um sujeito vestido de maneira esdrúxula, com as roupas de baixo por cima, encapado dos pés ao cocorote e se trepando em prédios que nos faz sonhar e até conhecer o sentido da palavra inveja. É uma bela pedalada ou um gol de bicicleta que brota um sorriso em nós.


PS: Este texto foi a primeira crônica encomendada para mim. Foi publicada na revista da Editora Cia dos Livros em junho de 2010.

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